O ESMAECIMENTO DO AFETO EM “FELIZ ANIVERSÁRIO”, CONTO DE CLARICE LISPECTOR

Vilmaria Chaves Nogueira

Resumo


As frenéticas mudanças ocorridas nos últimos tempos, em especial ao crescente urbanismo e aos moldes industriais e capitalistas presentes em todas as esferas da vida, são características que desenham essa nova sociedade, cuja origem do conhecimento, segundo o que postula Giddens (1991), rompeu com a tradição, tornando-se, ao mesmo tempo que reflexo da vida moderna, também heterogêneo. Esse contexto coloca em evidência a discussão sobre o lugar do sujeito e as relações entre os indivíduos. Relações essas que – assim como as cidades que passaram por transformações –, mudaram seus paradigmas e beberam do capitalismo industrial, mitigando os afetos e aumentando os desejos narcisistas. Tal problemática é representada em diversas formas de arte, dentre elas a literatura. Clarice Lispector é uma escritora cuja poética interessou-se pelo tema da identidade. Com um estilo intimista, ela construiu narrativas que questionam os laços afetivos, e revelam, ao leitor, as problemáticas da vida moderna. Pensando nisso, nesse texto nos propomos a realizar uma leitura do conto “Feliz aniversário” da referida escritora, buscando mostrar como essa narrativa problematiza o desafeto na instituição familiar. Assim, daremos evidência ao deslocamento dos personagens e traremos, dentro desse recorte os pensamentos de Giddens (1991). Também farão parte da nossa discussão as ideias de Bauman (1998) no que se refere a construção da identidade do sujeito moderno, mais especificamente no que concerne ao descarte das relações afetivas. Desse modo, temos a intenção de mostrar como esses aspectos são materializados na narrativa, estabelecendo, portanto, um diálogo entre a literatura e a sociologia.

Palavras-chave


Literatura. Modernidade. Desafeto.

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