O LOCAL DO OLHAR NA REPRESENTAÇÃO DA FAVELA ATRAVÉS DOS MICROCURTAS DO PROJETO MORRINHO

Luciana Silva Camara da Silva

Resumo


A partir da leitura de dois microcurtas A revolta dos bonecos e Lágrimas e revolta pelo irmão Alex, produzidos na TV Morrinho, criada por jovens moradores da Favela do Pereirão, este artigo demonstra os processos de auto-representações da alteridade ativados em territórios de fronteira urbana. Serão utilizados os conceitos de "fragmentação sócio-espacial" (Marcelo Lopes de Souza), "mediação/negociação" (Jesús Martín-Barbero) e "tradução cultural" (Mary Louise Pratt) e da imagem de "refugo humano", proposta por Zygmunt Bauman, buscando-se pensar a possibilidade de construção de uma autoimagem através de uma voz híbrida nos enclaves periféricos da urbe. Os moradores destes espaços constroem um novo discurso colocando em discussão antigas práticas de representação típicas de um olhar "orientalista", tal como definiu Edward Said. Desse modo, uma nova imagem da favela é produzida negociando-se com a visão que se construiu sobre ela. A informatização como instrumento de modernidade aparece como um elemento a mais neste processo e como objeto de empoderamento para estas novas vozes, antes silenciadas. A instalação artística do Morrinho representa numa espécie de maquete das favelas do Rio de Janeiro episódios da vida e da(s) cultura(s) das favelas, pluralizando-se informações, olhares e vozes locais, gerando uma nova identidade coletiva no contexto global.

Palavras-chave


Projeto Morrinho; Favela do Pereirão; Culturas Híbridas.

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