Acordes literomusicais: As Armas Secretas de Julio Cortázar
Resumo
O conto “As Armas Secretas”, de Julio Cortázar, ambientado na França pós-Segunda Guerra Mundial, tem como principal ativador de sentido a música, que explicitamente não sobressai no enredo, mas, como signo do sistema ficcional, pulsa além da escrita. A paisagem musical do conto, construída pelas melodias do compositor alemão Robert Schumann, se apresenta como um frutífero campo de sentidos literários, acústicos e, principalmente, metafísicos. Os principais objetivos deste trabalho são: 1) Demonstrar a imprescindibilidade da paisagem musical como geradora de significados que sustentam a trama. 2) Analisar os procedimentos estéticos e narratológicos utilizados para construir estes significados. 3) Estabelecer uma rede recíproca entre significantes/significados acústicos, literários e filosóficos. A metafísica da música, conforme a abordou Schopenhauer (Metafísica do belo, 2003), a discussão da mesma por Nietzsche (Origem da tragédia, 2006) e o prosseguimento que lhes deram Nuno Nabais (Metafísica do trágico, 1997) e Roberto Machado (O Nascimento do trágico: 2006), assim como estudos sobre Nietzsche e a geração romântica (Rosen, 2000) integram a fundamentação teórica da pesquisa.