PORTUGUESES COM SOTAQUE ITALIANO: A CIDADE DAS FLORES, DE AUGUSTO ABELAIRA

Fábio Varela Nascimento

Resumo


Em 1959, o escritor português Augusto Abelaira (1926-2003) publicou seu primeiro romance, intitulado A cidade das flores. A narrativa se desenvolve em solo italiano, na Florença do final da década de 1930, e ao redor de um grupo de jovens que compartilha sentimentos amorosos e a aversão ao regime fascista chefiado por Benito Mussolini. No seu texto de estreia, Abelaira lança mão da reterritorialização para criticar o salazarismo e fugir da censura do regime. Segundo as palavras de Abelaire, em edição posterior à Revolução dos Cravos, a ação do romance se situava em Florença e com personagens italianos, mas visava a outro alvo, pois, quando ele escrevia “Florença pensava em Lisboa, quando escrevia Mussolini (que já estava morto e enterrado) pensava em Salazar.” (ABELAIRA, 1984, p. 307). Além da reterritorialização e da crítica ao salazarismo, este trabalho desenvolve reflexões sobre o conformismo de um povo, o pessimismo e a falta de ação de uma juventude que pensa muito, mas pouco faz em relação a um cenário de conflito político. Ressaltados esses aspectos, também é possível observar que A cidade das flores é um documento importante no tocante ao papel da literatura frente aos regimes autoritários.

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