SOB A ÉGIDE TRÁGICA: FOGO MORTO E AS TRANSFORMAÇÕES INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICAS NO BRASIL.

Bárbara Del Rio Araújo, Stênio Silva

Resumo


Este artigo tem o objetivo de estudar a representação das transformações industriais e tecnológicas no Brasil através da análise da obra Fogo Morto, de José Lins do Rego. O pressuposto é buscar, na configuração estética, elementos que revelam a tragicidade do processo de modernização, que se consolida em direção ao progresso sem abrir mão do atraso social. A partir do romance selecionado, propõe-se um diálogo entre a Literatura e as Ciências Sociais tornando possível perceber que a estrutura narrativa estiliza aspectos da realidade histórica nacional, sendo reveladora dela. Além disso, a discussão do fenômeno trágico implementado na configuração romanesca permite compreender a integração entre os gêneros literários, fazendo notar que o trágico não está restrito ao gênero dramático; para além da tragédia, o elemento é absorvido na estrutura do romance a fim de representar o paradoxo da modernidade, o conflito entre o indivíduo e a estrutura socioeconômica. Fogo Morto sob a égide do trágico revelará, na sua disposição estética, a transição da economia escravista para a economia capitalista, isto é, a ascensão e queda da cultura açucareira frente à implementação das usinas no nordeste brasileiro apontando para um modelo industrial e tecnológico desigualmente persistente.

Palavras-chave


Trágico; Transformações industriais e tecnológicas; Fogo Morto.

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