A DIMENSÃO INTERMIDIAL EM CONTOS DE HOFFMANN
Resumo
RESUMO:
“Porque razão é que algumas obras poéticas [...] não provocam efeito algum, e o esplendor das palavras serve apenas para aumentar a frieza interior que nos atravessa?” No conto Serapião e o Princípio Serapiôntico, E.T.A. Hoffmann (1776-1822) defende: “só as chamas interiores” é que se transformam em “palavras incendiadas”, colocando em questão o verdadeiro poeta que não for também um profeta. Com a fundação de um clube de poetas românticos que discutem os próprios manuscritos, o autor reflete sobre a crítica da criação, apresentando critérios para a produção de uma obra artística. Reconhecido mestre do duplo, E.T.A. Hoffmann revela-se como o mestre também da intermidialidade, expondo não apenas as suas ideias sobre contística, como sobretudo, a sua particular “Welt- und Kunstanschauung” (“Visão de mundo e das artes”). O estudo comparado deste conto-tese com o conto musical A Fermata resulta na compreensão de que as duas produções são obras artísticas auto- e interreferentes. Partindo de In Sinn und Gedanken (O Sentir e o Pensar), o autor relaciona o mundo exterior com o mundo interior, combina diversidade e intermidialidade com unidade, demonstrando o domínio das técnicas artísticas, que, em sua obra, revelam-se inseparáveis: a Música, a Pintura e a Literatura.
ABSTRACT
“Why is it that some poetic works [...] do not provoke any reaction, and the splendor of the words serves only to increase our interior indifference?” In the story Serapion and the Serapiontic Principle, E.T.A. Hoffmann (1776-1822) argues: “Only inner flames” transform themselves into “fiery words”, calling into question the true value of a poet who is not also a prophet. As founder of a club of romantic poets who discussed their own manuscripts, the author reflects on the critique of creation, presenting criteria for the production of a work of art. An acknowledged master of the double, E.T.A. Hoffmann reveals himself as a master also of intermediality, expounding not only his ideas on the short story genre, but also, above all, his own “Welt- und Kunstanschauung” (“Worldview and view of the Arts”). This comparative study between the aforementioned story-thesis and his musical tale, The Fermata, results in the recognition that the two are works of art, both self and inter-referential. In In Sinn und Gedanken (On Feeling and Thinking), the author relates exterior and interior worlds, combining diversity and intermediality into one, demonstrating command of the artistic techniques, which revealed themselves inseparable in his work: music, painting and literature.