A TRADIÇÃO CRISTÃ E A MEMÓRIA COLETIVA NOS POEMAS LIÇÃO E POEMA DE JOÃO, DE NOÉMIA DE SOUSA
Resumo
Os processos coloniais nos territórios africanos foram permeados pela sistematização da violência física e simbólica sobre países vulnerabilizados. A construção de uma Literatura nesses países, com o tempo, significou o estabelecimento de uma conduta de revisionismo histórico e de apropriação da linguagem e da narrativa discursiva, foi o que aconteceu em Moçambique, a exemplo da obra poética de Noémia de Sousa. Nesse sentido, este artigo busca analisar dois poemas de Noémia de Sousa, Lição e Poema de João, destacando os aspectos da linguagem relacionados à tradição cristã europeia e à memória do território moçambicano. Para tanto, esse estudo baseia-se nos estudos acerca da memória coletiva e individual, bem como, sobre aspectos das narrativas africanas de língua portuguesa. O método utilizado foi o bibliográfico e constatou-se o conflito existente entre o pensamento colonial internalizado na memória moçambicana e os racismos opressivos que sufocam os eu-poéticos nos dois poemas. Dessa forma, conclui-se que a poesia de Noémia de Sousa, para além de refletir sobre o colonialismo português em Moçambique, instrumentaliza a língua portuguesa para atribuir protagonismo ao moçambicano secularmente excluído e as narrativas invisibilizadas pela colonização.
Palavras-chave
Poemas; Noémia de Sousa; Análise