INSUBORDINAÇÃO E GRAMÁTICA TÉTICA: REFLEXÕES TEÓRICAS PARA O PORTUGUÊS EM USO
Resumo
O fenômeno da insubordinação de orações, conforme Evans (2007), envolve o uso independente de orações com marcas formais de subordinação, sem ligação sintática a uma oração principal. No português, estudos recentes (BARONI, 2022; RODRIGUES, 2024) têm investigado esse fenômeno em textos escritos, explorando suas ocorrências, funções pragmáticas e padrões formais. Ainda há, no entanto, questões em aberto sobre os limites e mecanismos envolvidos por essas construções (BEIJERING; KALTENBÖCK; SANSIÑENA, 2019). Neste artigo, propomos uma reflexão teórica sobre a natureza das cláusulas insubordinadas, utilizando o modelo da Gramática Tética (KALTENBÖCK, HEINE E KUTEVA, 2011). Argumentamos que essas cláusulas são unidades téticas, sancionadas pela operação cognitiva de cooptação, que se processa entre os domínios da Gramática do Discurso. Aplicamos essa proposta a um conjunto assistemático de dados do português brasileiro contemporâneo, coletados de redes sociais e publicações digitais.
Palavras-chave
Cooptação; Gramática Tética; Unidades téticas; cláusulas insubordinadas