DESEMPREGO, SOFRIMENTO PSÍQUICO E O COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO EM DOIS FRAGMENTOS DE “ELES ERAM MUITOS CAVALOS” (2001), DE LUIZ RUFFATO
Resumo
Este artigo tem por objetivo uma análise de dois fragmentos da obra Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato. Publicado em 2001, a característica da estrutura fragmentária do romance possibilitou a seleção de dois fragmentos como corpus, a saber, “#19 Brabeza” e “#44 Trabalho”, com vistas a discutir, de maneira focalizada, a figuração de experiências de desemprego como sintoma das contradições sociais à luz do processo histórico-social brasileiro. Para este fim, partindo das noções de “promessa desenvolvimentista”, de Cardoso (2010) e Schwarz (1999), e de “sofrimento psíquico”, de Safatle (2020), elaboramos a análise do corpus em perspectiva interdisciplinar. Tendo em vista o pressuposto de que a experiência social do trabalho — ou de sua ausência — não se limita ao campo econômico, mas atravessa os processos de constituição subjetiva e os mecanismos de reconhecimento social, a hipótese que direcionou a abordagem foi que era possível apreender na composição dos fragmentos uma experiência das personagens marcada por sofrimento psíquico oriundo do desemprego, o que permitiu inferir que tal experiência possui lastro histórico com longo percurso de sedimentação no processo histórico-social, especialmente no que tange à figura do “homem livre pobre” (SCHWARZ, 2012), bem como desvela o colapso das promessas da modernização.
Palavras-chave
Literatura brasileira contemporânea; Os pobres na literatura; subjetividade e processo social.
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