Entrando na toca do coelho e encontrando o outro mundo: o espaço insólito em Coraline, de Neil Gaiman
Resumo
O espaço é um complexo elemento narratológico de grande importância para a compreensão de uma narrativa, mas que não tem tido muito destaque nas pesquisas literárias se comparado com outros como o tempo, as personagens e o narrador. No entanto, podemos afirmar que o espaço não é apenas um acessório para a narrativa, mas um elemento importante que a compõe e revela diversas peculiaridades acerca da mesma. De fato é comum que em uma narrativa o espaço seja transformado. No fantástico essa mudança é algo drástica ainda que comum, pois sai-se de um espaço igual ao mundo real tendo as mesmas leis da natureza, e vai-se para um mundo novo, do possível que não é regido pelas mesmas leis naturais e povoado por criaturas e seres polimorfos. Visando analisar a construção do espaço na narrativa do modo fantástico, este artigo toma para análise o romance Coraline (2002), de Neil Gaiman, pensando o significado e as transformações do mesmo no decorrer da obra, apresentando como suporte teórico para a topoanálise tanto as ideias de Ozíris Borges Filho (2008), quanto de Gaston Bachelard em A poética do espaço (1978)