Queering heteronormativity in Jackie Kay’s Trumpet
Resumo
Em Trumpet, da autoria da escritora negra, escocesa e lésbica Jackie Kay (2000), a estabilidade de gênero é desafiada através da estória de Joss Moody, um famoso trompetista de jazz que se fez de homem, casou-se, adotou um filho e tornou-se uma celebridade no mundo masculino do jazz dos anos 1950. A morte de Joss traz a revelação pública de seu sexo biológico e provoca distintas e conflituosas reações entre aqueles que o sobreviveram. Inspirada na vida de Billy Tipton, um pianista legendário de jazz que viveu por mais de cinquenta anos como homem e cuja biografia é apresentada por Diane Wood Middlebrook (1999) em Suits me: the double life of Billy Tipton, a narrativa de Kay enfatiza o aspecto de construção do gênero ao passo que a identidade do protagonista é construída discursivamente e revisada, especialmente através das reminiscências dos demais personagens: a esposa de Joss, Millie; seu filho adotivo Coleman; colegas e amigos do meio musical; assim como a ambiciosa jornalista Sophie Stones, que pretende escrever a biografia do artista. A presente análise, que pretende demonstrar como o gênero é “queerizado” na narrativa de Kay, recorre ao conceito de performatividade de Judith Butler (1990; 1999), segundo o qual o gênero é um constructo resultante de atos reiterados que produzem sua percepção enquanto categoria aparentemente essencial, estável e não-problemática.