A construção do sujeito na autobiografia

Carla Zanatta Scapini

Resumo


Este artigo aborda uma das formas narrativas mais canônicas em que o escritor constrói a própria imagem: a autobiografia. Partindo da obra Memórias de um sobrevivente, de Luiz Alberto Mendes, indagamos sobre como a formalização discursiva do relato cria e assegura a crença de que o sujeito empírico pode ser conhecido, em toda a sua complexidade, por meio da história narrada, apesar das lacunas da memória e da distinta materialidade que compõe narrador-personagem e escritor. O fio condutor dessa análise são as implicações do pronome eu que, amparado em dados documentais sobre a vida do escritor, é responsável por mascarar as disjunções entre a pessoa física deste e a imagem que ele cria de si frente a um leitor específico. Ao dizer eu, neste caso, o narrador propõe uma continuidade entre os sujeitos, tornando a obra autobiográfica mais uma das formas onde o jogo das identidades se manifesta, porém de modo permanente.


Palavras-chave


Autobiografia; sujeito; identidade

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