AS ATAS COMO ARTEFATOS PEDAGÓGICOS NAS PRÁTICAS INSTITUCIONAIS

Nilton André Batista Faria, Josiane Peres Gonçalves

Resumo


: A pedagogia, enquanto ciência, está presente em diversos âmbitos da sociedade, demonstrando pluralidade em sua aplicabilidade ao estudar processos de ensino e aprendizagem, bem como práticas educativas em diferentes contextos. Nesse sentido, ao se identificar as atas como artefatos culturais, produtos de ações humanas, percebe-se que elas empregam uma pedagogia própria, ao produzirem sentidos e orientarem práticas por meio do registro de debates e decisões que influenciam comportamentos institucionais e sociais ao longo da história. Além do que é explicitamente registrado, as atas também carregam silêncios carregados de intencionalidades: omissões, escolhas de linguagem e recortes feitos refletem relações de poder e disputas simbólicas, indicando quais vozes são legitimadas e quais são silenciadas. Essa dimensão evidencia que os registros não são neutros, mas instrumentos ativos na produção de sentidos e na construção de narrativas institucionais. O estudo das atas, portanto, exige que sejam tratadas como objetos culturais e históricos, cuja interpretação demanda um olhar interdisciplinar atento às nuances discursivas que carregam. O presente artigo tem como objetivo entender as atas como artefatos culturais e pedagógicos, evidenciando que não se tratam de meros registros administrativos, mas desempenham papel significativo na orientação de práticas institucionais e sociais. Ao preservar memórias do passado e revelar silêncios estratégicos, as atas oferecem lições valiosas para compreender as práticas e saberes que influenciam o presente e orientam o futuro.

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