TEATRO E POLÍTICA NO RECIFE: ENTRELAÇAMENTOS DOS ANOS 1930
Resumo
Em meio às tantas alterações do campo político e cultural brasileiro no início dos anos 1930, o Grupo Gente Nossa, com trajetória desenvolvida de 1931 a 1942 no Recife, destaca-se por ter sido viabilizado profissionalmente graças ao Golpe de Estado empreendido por Getúlio Vargas. Mas, ainda que tenha contado com certo apoio de manutenção, a equipe nunca usufruiu de incentivo financeiro, pelo menos até a morte do seu líder, Samuel Campelo, no ano de 1939, quando o mesmo foi substituído pelo teatrólogo Valdemar de Oliveira e a situação de parceria com o poder instituído mudou terminantemente. Partindo de registros na imprensa e os confrontando com publicações que se debruçaram sobre as ações e interesses políticos de período tão conturbado da nossa história, em que parte da cena teatral brasileira declarou admiração às ideias e projetos getulistas, mais à frente sofrendo pela ação repressora dos órgãos de segurança com vetos e cortes a textos e espetáculos e perseguições a artistas, a proposta desta pesquisa é lançar luz sobre os possíveis entrelaçamentos entre o teatro e a política no Recife da década de 1930, e entender como a sobrevivência de ambos, com seus impasses e contradições, foi possível naquele tempo.