Filosofia Cristã: tensões, afastamentos e influências nas ordens religiosas – século XVI

Ronaldo Teixeira Couto

Resumo


    No final do medievo e no início da modernidade o cristianismo sofreu uma forte influência da Filosofia clássica grega, dando origem a chamada Filosofia Cristã, através dos pensamentos de filósofos, tais como o bispo católico Aurélio Agostinho, no século V e o padre católico Tomas de Aquino no século XIII. Embora sendo religiosos submetidos à mesma rigidez ortodoxa, típica da Igreja católica na época, esses pensadores estabeleceram, em alguns pontos, percepções diferentes sobre interpretações da conduta moral,  ética e religiosa, frente à realidade, de modo que tais entendimentos afetaram a compreensão, o comportamento e as ações de sacerdotes e fieis. Nesse sentido, a presente comunicação tem por objetivos avaliar em que medida os afastamentos das percepções platônicas e aristotélicas influenciaram a Filosofia Cristã e teriam desenvolvido rupturas internas na Igreja Católica e verificar até que ponto essa divergência doutrinária afetou a ortodoxia cristã e a prática missionária da Companhia de Jesus no Brasil colonial. Como base teórica foram utilizadas as obras de Agostinho (Confissões) e de Tomas de Aquino (Suma teológica) e perseguindo o viés metodológico, a pesquisa  foi teórico-descritiva, com perspectiva bibliográfica centrada na História da Filosofia. Percebeu-se que o entendimento de Tomás de Aquino, com seu conceito de livre arbítrio, sofreu represálias das ordens religiosas mais antigas, como por exemplo dos franciscanos, mas, foi absorvido e praticado por uma das mais recentes ordens fundadas na Igreja católica que foi a Companhia de Jesus, em plena Reforma católica, no século XVI. Com sua prática missionária no Oriente, África e américas portuguesa e espanhola, absolutamente integrada ao processo de colonização, os inacianos optaram por reinterpretar os dogmas cristãos numa emergente ortodoxia, adaptando-se às vicissitudes e circunstâncias do cotidiano, numa espécie de  tradução cultural e mediação entre a tradição religiosa e a realidade colonial, numa dialética entre prudência e tolerância, aproximando-se do que Max Weber chamou de ética da responsabilidade.

Palavras chave: missionação jesuíta, ortodoxia emergente, tradução cultural.

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