A FICCIONALIZAÇÃO DO REAL EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE, DE JOSÉ SARAMAGO

Saulo Cunha de Serpa Brandão, Valdirene Rosa da Silva Melo

Resumo


Este trabalho tem por objetivo tecer considerações sobre o processo de ficcionalização do real na obra de Saramago As intermitências da morte, abordando questões pertinentes à mimese. A literatura trabalha com códigos próprios ao se apropriar da realidade, e o modelo de ficcionalização escolhido por Saramago alarga o conceito de mimese instituído por Aristóteles. A ficção contemporânea, o fazer literário, instiga o artista a buscar novas formas de redefinir o verossímil sem perder os elos de referências com o real, mantendo uma linha de coerência e adequação com o plausível. Nesta obra Saramago trabalha a temática dualista vida e morte, ressignificando o senso comum predominante atribuído à morte pelo imaginário coletivo e revendo percepções, convenções e conceitos a respeito do binômio vida e morte. A encenação da morte na obra de Saramago é apropriada pelo imaginário como jogo de recriação inventiva que se liberta dos cânones usuais que veiculam a morte a dor, sofrimento, momento indesejável e instaura novos sentidos e reflexões sobre o tema com o objetivo de levar o leitor a interrogações profundas sobre as angústias do homem contemporâneo. Usaremos os conceitos postulados por Aristóteles e Luiz Costa Lima sobre mimese, enriquecendo a análise com os pressupostos teóricos de Wolfgang Iser sobre imaginação na ficção para dar suporte a esta investigação.

Palavras-chave


Mimese. Morte. José Saramago

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