DO HUMANO AO NÃO-HUMANO: RASTROS DE UM CONFRONTO EM CLARICE LISPECTOR

Anderson Luiz Teixeira Pereira, Sílvio Augusto de Oliveira Holanda

Resumo


A dimensão estética da escritura de Clarice Lispector (1920-1977) e os elementos de sua narrativa permitem uma interpretação interdisciplinar, no sentido de evocar, a partir das aproximações possíveis, questões comuns tanto ao mundo ficcional quanto a outras áreas do conhecimento. Desse modo, o presente trabalho propõe um estudo de A cidade sitiada (1949), de Clarice Lispector, em interface com alguns conceitos da Antropologia. O âmago da questão é o fato de que ambas as áreas, consideradas suas especificidades, privilegiam, como centro de seus discursos a dimensão de humanidade. O trabalho debaterá categorias dicotômicas como natureza e cultura e humanidade e animalidade considerando o texto clariceano. Investigaremos a presença da figura animal contida por detrás do pano de fundo da trama romanesca, a qual narra os sucessivos passeios da personagem Lucrécia Neves pelo subúrbio de São Geraldo — espaço da ação narrativa. Por fim, procuraremos desdobrar as inquietações evocadas pela figura do animal, no sentido de interpretá-la como um fenômeno que esfumaça o limite entre o humano e o animal, em virtude de a ficção moderna de Clarice colocar em crise valores preconizados pela tradição do pensamento ocidental, pelo menos no que diz respeito às bases de uma herança antropocêntrica.

Palavras-chave


Clarice Lispector, Antropologia, Literatura Comparada

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