“A CARNE TÃO AZARADA” DAS MULHERES EM O REMORSO DE BALTAZAR SERAPIÃO PELA CRÍTICA FEMINISTA: TRADIÇÃO, DESLOCAMENTO, MISOGINIA
Resumo
O romance O remorso de Baltazar Serapião, de Valter Hugo Mãe, apesar de celebrado editorialmente e por baluartes da própria literatura portuguesa, como Saramago, apresenta uma narrativa violenta na qual é sistematizada a representação das violências contra o feminino e contra a mulher. Neste sentido, interessa-nos pensar qual seria o abalo, a revolução ou a necessidade de se aferir através de um sismógrafo a dimensão colossal e de futuro que o autor português (nascido em Angola) opera e promete. Ao contrário desta promessa, e do que diz, em famosa entrevista ao jornal Estadão, de 22 de janeiro de 2011, sobre a mulher representar um ser para o futuro, a condução de nossa crítica feminista (Millet [1969], Kolodny [1980/ 2017], Butler [2002]), enquanto proposta de deslocamento, mostrará que o romance – (cor)respondendo a ecos muito fortes da própria historiografia literária portuguesa – nada mais elabora que os lugares já previsíveis para a mulher e para o feminino desde os mais remotos passados.
Palavras-chave
crítica feminista; O remorso de Baltazar Serapião; Valter Hugo Mãe