A SEMANA DE 22 E A IMPRENSA CARIOCA: IMPASSES, SILÊNCIOS E INCOMPREENSÕES
Resumo
Neste ano comemoramos nove décadas da Semana de Arte Moderna. Assim sendo, algumas revisões históricas têm sido feitas, levantando novidades e problemas sobre este evento. Uma questão ainda pouco explorada diz respeito à participação do Rio de Janeiro no bate-boca modernista daquele momento. Podemos dizer que o Rio ignorou aquela que também é conhecida como Semana Futurista, especialmente se levarmos em consideração as pífias reportagens publicadas na imprensa carioca da época. Tal fato é compreensível, uma vez que a experiência de modernidade do Rio de Janeiro foi diferente dos padrões explorados pela intelectualidade paulista. O Rio modernizou-se por vias e experiências bem diferentes, não seguindo a bíblia vanguardista e radical, não experimentando quaisquer anarquismos estético-ideológicos, tão em voga na proposta paulista. O objetivo deste artigo é analisar como a Semana de 22 foi vista (ou não), problematizada e discutida no meio artístico carioca, seus desdobramentos e respostas. Utilizaremos, na íntegra, os dois únicos textos publicados na imprensa carioca: um artigo da revista Para Todos e um “release” do Jornal do Brasil, pobres exemplares jornalísticos que não cobriram satisfatoriamente o referido evento. Esperamos, assim, contribuir para a compreensão deste complexo episódio cultural, bem como do próprio movimento modernista brasileiro.