Nos detalhes: a resistência retratada nos regimes tirânicos de Maus e Persépolis
Resumo
Este artigo pretende investigar a resistência que se encontra ao redor de dois regimes conhecidos por sua opressão: o primeiro é o Regime nazista, especialmente o Holocausto na Alemanha, concebido em Maus: a história de um sobrevivente (2005), escrito por Art Spiegelman; e o outro é a República islâmica, do Irã, representada em Persépolis (2007), de Marjane Satrapi. A resistência destacada se encaixa exemplarmente no conceito de “poética do detalhe”, desenvolvido pela pesquisadora Beatriz Sarlo, uma vez que, além de a repressão possuir uma imagem majoritária, não há uma resistência armada, como milícia, e sim atitudes pormenorizadas que caracterizam uma discreta oposição a estes regimes tirânicos. Desse modo, pretende-se ressaltar uma minuciosa inventividade subalterna, vista como resistência à opressão política, social e cultural, que se desenrola em torno tanto do Nazismo quanto da República islâmica. Discute-se ainda a relação entre sobrevivência e resistência, pois, apesar da tirania exacerbada que, por vezes, culmina em morte, ambos os protagonistas, Vladek Spiegelman e Marjane Satrapi, são sobreviventes que tiveram seus testemunhos transformados em romances gráficos.
Palavras-chave
Poética do detalhe; resistência; repressão.