METAFICÇÃO E CO-AUTORIA – O LEITOR E O JOGO DE ESPELHOS EM O MANUAL DOS INQUISIDORES, DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Resumo
O presente artigo tem como foco explicitar, a partir das concepções de Linda Hutcheon (1984) acerca do conceito de metaficção, como em O Manual dos Inquisidores (1998), de António Lobo Antunes, o leitor é convidado a adentrar o espaço literário, sentindo-se impelido a participar de sua produção, isto é, da mímese do processo, e a tornar-se um co-autor dentro de uma narrativa que ainda está por se fazer. Pretendemos demonstrar que a obra exige constantemente que o leitor participe de seu processo discursivo, “ouvindo” as personagens que parecem a ele se dirigir diretamente, reunindo, decifrando, concatenando partes, peças de um puzzle que vai se completando e dando forma ao romance. Almejamos, ainda, evidenciar que nessa obra antuniana – marcada por seu caráter polifônico – o emprego de estratégias metaficcionais faz com que o leitor se depare com diferentes perspectivas de realidade e outras formas e possibilidades de “verdades”, sendo constantemente atentado para o caráter de construção discursiva da narrativa que está a ler.
Palavras-chave
Metaficção; Leitor; Literatura Portuguesa; António Lobo Antunes